quarta-feira, 7 de dezembro de 2022

Para o P

Voltaste à minha vida de uma forma inesperada. Antes eras só um conhecido, fruto de amigos em comum, e de repente parecia que podias ser a pessoa por quem eu sempre esperei. Costumo dizer que foi numa noite aleatória, mas ao mesmo tempo foi exatamente quando devia, tinha recebido uma notícia bastante triste nesse dia, como tu sabes, e ter olhado para ti de uma outra forma foi a melhor parte do meu dia, e provavelmente da minha semana. No início fui a medo, nem sabia se devia olhar para ti de outra forma ou não..se corresse mal ia ser complicado, e o meu histórico com situações como a nossa não era bom...no entanto tu pareceste tão interessado e ao mesmo tempo tão calmo, garantiste-me que as coisas nunca iriam ficar estranhas porque independentemente de tudo ias gostar de mim na mesma.

Então, finalmente deixei-me ir, e por um lado não me arrependo, vivemos dias incríveis, e fizeste com que eu voltasse a sentir borboletas na barriga, coisa que eu achava que não ia voltar a acontecer. Não vou dizer que me apaixonei, ou que estou apaixonada, porque parece uma palavra tão forte para algo que teve um fim, se aquilo foi um fim, um fim tão incerto. Se há coisa que me recordo bem, como se fosse hoje, é das nossas conversas, de todas as coisas bonitas que me disseste, que tocaram no meu coração. O que tem uma pitada de ironia, porque sempre me considerei uma pessoa que tinha como linguagens do amor o toque físico e o tempo de qualidade, agora não sei se pelas inseguranças ou por ter banalizado os beijos, sem dúvida que se há forma que sei demonstrar amor é pelo tempo de qualidade e pelo estar presente, e continuo a adorar abraços, mas comecei a dar um valor diferente ao que as pessoas me dizem, quando é dito olhos nos olhos, com um tom de voz verdadeiro, apesar de ser péssima a demonstrar amor por palavras, é difícil alguém arrancar de mim uma palavra amorosa, elogios genuínos oki, mas sobre sentimentos acho que vou ser sempre melhor a escrever do que a falar.

No meio disto, recordo-me bem dos "porque é que isto não aconteceu mais cedo?", o que honestamente também pensei, e muito, mas por ter parecido que o que sempre quis sempre esteve ao meu lado, por perto, e eu é que não vi, enquanto tu dizias no sentido de que querias aproveitar todo o tempo que podias comigo. Não me esqueço da vez em que, no meio do nosso passeio a um dos meus sítios preferidos, me disseste "não me lembro da última vez em que me senti tão calmo", o que, para ser honesta, depois de me terem feito sentir tão errada, tão tóxica, tão complicada e tão conflituosa na minha última relação, é dos melhores elogios que alguém me pode dar, que eu sou uma pessoa que transmite paz e tranquilidade. E por fim, recordo-me daquele "estou a adorar o tempo que estou a passar contigo", que foi dito olho no olho, enquanto recebia um mimo na cara ou no cabelo, com o teu tom de voz grave que eu tanto adoro. Depois recordo-me das reações das minhas amigas quando me ouviam a falar de ti, do meu nervosismo ao explicar o que tinha acontecido, do meu olhar emocionado de quem parece que nunca esteve apaixonada, e estava a viver a sua primeira paixoneta de adolescente.

Lembro-me de como ficava feliz quando recebia a tua mensagem, das vezes em que fiquei em entusiasmada porque ia encontrar-me contigo, do nó (?) no estomago do date que tivemos 1 mês depois de termos estado juntos (e que tínhamos ficamos sem nos vermos), e de como acordei feliz no dia a seguir a esse date...o que para quem me conhece, e sabe as experiências que eu tinha vivido até então é só parvo! Seria óbvio que a vida não seria tão boa para mim ao ponto de me dar de bandeja alguém tão gentil e bom, seria óbvio que estava a ser bom demais para ser verdade, porque eu nunca fui a pessoa que teve essa sorte, aliás, vivi uma adolescência de amores não correspondidos, e uma vida universitária a tentar lidar com os traumas vindos daí, depois quando finalmente apaixonei-me de forma correspondida, adivinha o que aconteceu? Obviamente que o ser acabou por me trair e destruir todas as minhas expectativas relativamente ao amor e às pessoas, no entanto já nem o culpo, porque na verdade só isso é que é coerente com todo o azar que eu tinha tido no campo amoroso até então. Depois disso tu sabes o quanto eu tentei abstrair-me e se calhar deixar-me levar por cenas vazias, que lá no fundo faziam-me sentir menos má, aumentavam minimamente a autoestima, e pelo menos divertia-me, mas no meio dessas coisas vazias foram os poucos que tocaram minimamente no meu coração, e tu, de repente, chegas e fazes parecer que só havia espaço para mais uma pessoa nele, e que essa pessoa eras tu.

A seguir vêm-me à memória os dias de dor e confusão, quando demoravas mais a responder, quando efetivamente me ignoraste, quando eu achei que me tinhas mentido, e que tinha chegado o dia em que tinhas deixado de gostar de mim. Por um lado tu parecias tão puro e genuíno, o que me fazia acreditar que só estavas a ser tu, que estavas ocupado, que se estivéssemos juntos seria tudo diferente. Por outro, eu tinha cadastro de ser abandonada, magoada, e deixada para lá porque "não sou boa o suficiente para que alguém goste de mim durante muito tempo". Então por mais que eu quisesse continuar e que tentasse lutar por ti, sentia a maior parte das vezes que nem ia valer a pena.

Por fim, penso mais um bocado e fico confusa, e até um pouco chateada comigo própria. Nunca entendi o que aconteceu naquela vez em que me viste e ignoraste, provavelmente nunca entenderei, a menos que falemos sobre o assunto. Não consigo perceber também porque é que depois disso não disseste mais nada, e chateio-me comigo própria por eu também não ter dito. Só penso "se fosse hoje", e ai, se fosse fazia diferente, provavelmente expunha-me, mostrava-me vulnerável, tentava mostrar-te que certas atitudes tuas estavam a mexer comigo, tentava perceber se essas atitudes tuas eram o resultado de alguma atitude minha, preocupava-me em saber o que é que tu estavas a sentir e em que é que estavas a pensar. Mas deixei-me ir e mover pelo orgulho, tinha demasiadas vozes (tanto na minha cabeça como à minha volta) a dizer "ele está a gozar contigo", "ele perdeu o interesse", "se ele ignorou agora é ele que tem de vir atrás", e deixei-me levar por tudo isto...logo eu que tenho problemas de ultrapassar tudo e mais alguma coisa, que procuro um closure até nas situações mais corriqueiras.

Hoje em dia, penso por diversas vezes em enviar-te mensagem...tenho saudades tuas, preocupo-me contigo, gostava de saber como é que tens estado, se tens tido saudades minhas também, como é que está o trabalho, a tese...tanta coisa. Sinto que o nosso afastamento foi parvo, e fruto do orgulho, e a verdade é que eu só quero que estejas bem, preocupo-me contigo numa medida maior do que o orgulho que tenho nesta situação toda. Todos os dias penso que um dos meus momentos mais felizes, deste ano, foi quando estávamos os dois só a chillar na relva, ao pé da ria, a apanhar sol, a falar e a trocar uns beijos, a conhecer-nos melhor, e eu só gostava de em 2023 ter a oportunidade de voltar a passar pelo mesmo contigo, de reviver esse e outros bons momentos ao teu lado. Porque eu não posso dizer que me apaixonei, mas é certo que eu gostei, e gosto, de ti.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

P

 No meio de toda a desilusão apareceu alguém que me despertou interesse de uma forma diferente. Alguém que na verdade já conhecia, mas que no meio do barulho das luzes, olhei para ele de forma diferente. Alguém que chegou e que tudo encaixou, o que me levou só a questionar porque é que não tinha acontecido, porque é que não tinha sido ele a aparecer na minha vida naquele final de 2018, e a despertar todas as emoções que associamos àquela fase inicial de uma paixoneta.

No meio disto, ele aparece depois, depois de toda a dor, de toda a desconfiança, de todas as vezes que me senti desvalorizada, magoada, ignorada, desprezada. Ele na verdade sempre existiu, mas como um conhecido, uma amigo de um amigo, por assim dizer. Mas de repente tem um brilho especial, depois de um dia mau lá está ele, sem eu sequer ter pedido, ou achasse que algo ia acontecer nesse dia. Num dia em que eu apenas achava que ia estar e divertir-me com os meus amigos, ele aparece como uma estrela, que sempre esteve lá, e simplesmente eu é que não tinha reparado no brilho.

Não sei, e penso que nunca saberei, explicar o que é que efetivamente aconteceu naquela noite, aliás naquelas noites e naqueles dias, eu nem estava muito confiante que seria boa ideia, mas depois deixei que as coisas só rolassem. No final desses dias falava dele, e do que aconteceu entre nós com uma voz de apaixonada, e com os olhos a brilhar...tive amigas a dizerem-me que nunca me tinham visto assim por ninguém, e de repente estava assim por ele. 

No primeiro instante foi algo só random, e nos momentos a seguir fazia todo o sentido do mundo, ao ponto de ter parecido que tudo o que tinha acontecido na minha vida, e tudo o que tinha passado, tinha servido apenas para me levar até ao momento em que olhei para ele daquela forma, e que se assim fosse nem me importava de todas as deceções até então.

Update

Já não escrevo aqui aos anos, mas de repente tudo se alinhou para que fizesse sentido voltar a fazê-lo.
Já escrevi bem melhor, tanto a nível de conteúdo como de forma, penso que antes de ter um mestrado, antes de ter de fazer uma tese, antes de ter de ter um trabalho, sabia melhor onde colocar as vírgulas, e conseguia escrever de uma forma muito mais fluída, de ser muito mais honesta na minha escrita, e de escrever com a facilidade de quem bebia um copo de água, mas again, fez-me sentido voltar.
Não sei se toda a "timidez", e dificuldade em expor o que sinto por escrito, acontece devido a ter andado a esconder, a guardar para mim, e até, a ignorar todos os meus sentimentos relativamente aos outros durante tanto tempo.
Desde a última vez que escrevi por cá que muita coisa mudou, envolvi-me com demasiadas pessoas, tive demasiados desgostos, tive uma relação que teve um início incrível e depois tornou-se apenas triste e tóxica, com um final que magoa, e que provavelmente, vai sempre magoar...que mudou a minha forma de ver a vida, que certamente não voltará a ser como era, que me tornou fria, mais insensível, mais cautelosa, com medo de me dar a conhecer por todo. Com medo de voltar a sofrer, com medo de nunca mais amar, com medo de uma experiência destas ter-me mudado de uma forma que eu nunca mais saiba reconhecer o amor, ou demonstrar quando gosto de alguém.

sexta-feira, 21 de outubro de 2022

Estar apaixonada mas não saber amar - outro rascunho de junho de 2017

Literalmente.
Depois de ver uns quantos filmes lamechas, ouvir músicas da bad, isto em vez de estar a estudar, percebi que o que talvez me fizesse melhor era vir cá escrever, sem dúvida.
Nem sei bem o que dizer e começar.
Vocês já gostaram de alguém de tal forma que mais pessoa nenhuma que passasse na vossa vida parecia interessante? Mas e se esse alguém tem namorada/o? Se parece que ele tem uma relação feliz que nunca vão acabar porque são completamente fofinhos e quase como um casal da Disney perfeito, depois disto o que é suposto fazer? Esquecê-lo claramente, certo?
Mas e se vocês vissem essa pessoa todos os dias? E se parecesse que existia uma química estranhamente magnética entre vocês? Se uma amiga tua se tornasse amiga do casal e descobrisse que a/o namorada/o ama a pessoa de quem vocês gostam? Mas ama realmente. Ama talvez de uma forma que tu, pessoa ingénua que talvez ainda nem tenhas tido muitas relações, nunca amaste e talvez nunca mais vás amar.
Apesar disso, ele parece que não lhe liga metade do que ela liga a ele. Como se ela gostasse muito mais dele do que ele dela. Como se ele, lá no fundo, ainda sentisse algo por ti.
Como se a vossa história que nunca chegou a começar ainda tenha alguma força para existir, como se vocês tivessem nascido para estarem juntos, para serem um casal, porque tu e, quase só tu, sabes que vocês seriam um casal que se ia completar tão bem. Tens a certeza que contigo ele provavelmente ia parecer muito mais feliz do que parece com ela. E sim, parecer, porque na verdade tu não sabes se ele está feliz ou se só está bem. Como se está com ela por gostar mesmo dela, ou por comodismo.
No entanto sabes que ela o ama mesmo, e tu na verdade, por mais apaixonada que estejas, por mais que gostes dele, podes não o amar metade do que ela o ama, por isso é hora de perceberes, que está na hora de tu ires e de desistires. Porque não queres ser egoísta e talvez o tenhas andado a ser este tempo todo.

Pode ser que noutra altura da vida, noutro tempo, ou noutra vida mesmo nos voltemos a encontrar e que nessa altura, as minhas mamas continuem a ser a melhor almofada do mundo.
with love

Ninguém quer saber de mim - um rascunho de junho de 2017

É nisto que tenho pensado nos últimos tempos.
É este pensamento que assola a minha mente sempre que fico mais em baixo.
É como se o mundo, toda a gente do mundo, estivesse toda feliz, e que preocuparem-se comigo irá afetar a sua felicidade.
Como se toda a gente achasse que por elas estarem felizes, por elas ultrapassarem rápido as coisas, ou por elas nem sentirem em termos, nós temos de ser iguais, e de já estar todos bem.
Como se porque as coisas agora estão a correr bem com elas, o mundo estivesse todo feliz, como se o mundo fosse um lugar cor-de-rosa onde não há motivos para chorar...mas acreditem em mim, há motivos para chorar...e muitos...há motivos para nos sentirmos mal, para ficarmos tristes com nós próprios, para ficarmos tristes com os outros, para sentirmos desilusão por causa dos outros.

Por isso, não penses que tens de estar sempre com um sorriso na cara, porque não tens, e erradas estão as pessoas que te exigem isso.
Tentem ser felizes à vossa maneira.

PS: Se estás a ler isto e sabes que te preocupas comigo, sabes que és importante para mim e que és alguém que não faz parte deste texto...e sabes que provavelmente eu só queria que existissem mais pessoas como tu. Um muito obrigada a ti. Adoro-te

Sobre o 22 de há 2 meses atrás

 2 meses que te conheci, mais de 1 mês que deixaste de fazer parte da minha vida, menos de 1 mês desde a última vez que falamos. Penso que n...