segunda-feira, 12 de junho de 2017

Quando é que as coisas melhoram?

Bem, nem acredito que estou de novo por cá.

Já nem sei como se escrevem posts, nem faço ideia onde vou buscar uma imagem para pôr no final do post, no entanto nunca precisei tanto de voltar cá como agora. Antes quando queria escrever qualquer coisa, chegava ao blogspot, atualizava-me quantos aos blogs que ainda existem (obrigada Nea e VerdezOlhos por tal) e acabava por nem escrever nada.

É verdade, estou a cair num erro em que já caí antes, vir ao blog só porque algo está mau. Mas tenho de admitir que, principalmente nesta altura de exames, vim cá por necessidade mesmo.
Andar na universidade é cansativo e tira tempo, só se usa o computador para trabalhos e email, mesmo porque tem de ser, daí só voltar agora. O meu percurso universitário andava a ser bom, as únicas razões pelas quais me sentia mal era por causa do stress (típico de todos os universitários) e por desilusões amorosas de teenager (sim, tenho 20 anos mas ainda sofro como uma criança com tal).
No entanto estou numa das piores fases da minha vida, até agora, desde há um tempo para cá.

Na passada sexta-feira, fez um mês que a vida pregou-me uma das maiores partidas de sempre. Estava em plena semana de Enterro'17, deitei-me às 7h da manhã e às 11h acordei com uma chamada da minha melhor amiga que mudou tudo. Descobri assim que um amigo meu tinha partido, da pior forma possível.
Nunca mais fui a mesma desde então, e este mês demorou eternidades a passar. Já tinha pensado em vir escrever antes, mas ainda não me sentia preparada para tal. Agora ia ver um filme, "O amor é estúpido", que tem como ator principal o Daniel Radcliffe e percebi que era hora de o fazer.

Não me lembro exatamente em que noite é que o conheci, estava a meter-se comigo e com as minhas colegas porque era amigo de infância de uma delas. Desde o início que o achei um cromo e um chato do caraças, mas neste momento dava tudo para que ele me voltasse a vir chatear.
Adorava brincar comigo, no entanto fazia com que eu sentisse que podia confiar tanto nele, aturava as minhas crises existenciais e de baixa auto-estima como ninguém, e tinha o dom de me fazer sentir sempre melhor. Achava-me das miúdas mais fofas daquela universidade, ou pelo menos era o que me dizia. Amigos como ele tenho poucos, ou até mesmo nenhum, era aquele amigo gajo a quem eu conseguia pedir uma opinião para uma foto de perfil para o fb, com quem podia quase chorar por causa de um rapaz, com quem falava tanto sobre Harry Potter e que percebia o amor pelos livros/filmes que eu tenho. Com ele era impossível estar triste. Nunca me chateei ou discuti com ele, pelo menos a sério. Dava-me os melhores conselhos, gozava comigo quando eu fazia porcaria, e o mais importante para mim neste momento, gostava de mim como eu era, com ele podia ser eu e completamente eu, não tinha de esconder a minha parte mais triste, gaja, ou chateada com a vida, preocupava-se se me visse mal e dizia-me alguma coisa sempre que me via. Alinhava na minha  brincadeira de eu ser uma princesa, dizia que eu era a princesa mais princesa da UA, e que era uma mulher para casar, principalmente por saber fazer Long Islands. Ensinou-me que os shots foram "criados" pelos cowboys (whisky) e tantas outras coisas. Gostava de Aveiro e da faina académica como ninguém, e de pugs, pena não ter vivido tempo suficiente para me ensinar a achar-lhes piada.
Todos os dias me arrependo de não ter falado mais com ele na última vez que o vi...estava com pressa...e de não ter conseguido emprestar-lhe o Cursed Child mais cedo, ele foi embora e parece que ele levou uma parte de mim com ele.
Apesar de tudo isto, com ele nunca havia tristezas, só quando se sabia que os preços dos shots iam aumentar, e é assim que eu o quero relembrar, dos bons momentos com ele (quase todos), do sorriso dele, das piadas, e do tom de voz com que dizia "Ohhh Anita" sempre que queria reclamar comigo ou dizer que eu era uma menina.

No entanto, neste mês tem sido tudo tão complicado. Não "apenas" isto se está a passar, parece que a vida decidiu unir-se a qualquer coisa má para juntar tudo na mesma altura.
Isto fez-me perceber que as pessoas que estão na nossa vida hoje amanhã podem não estar, que temos de valorizar quem temos ao nosso lado todos os dias, que nada é certo, nem podemos tratar como fosse. Todos os dias penso se um dia vou ser relembrada pelo que quero ser relembrada quando me for, e percebo que tenho de fazer para que seja, porque a vida é nossa...nós é que a temos de moldar ao que queremos e temos de fazer com que a nossa existência tenha valido a pena, como a dele valeu, garanto que ele deixou alguma marca em qualquer pessoa que passou por ele.

Só que o problema é que só quem era amigo dele é que percebeu isto. O resto está tudo nas suas vidinhas, como se nada se passasse, como se estivesse tudo bem, como se eu não chorasse às escondidas por causa deste assunto, como se eu não estivesse mal, como se eu não estivesse a ganhar pânico a comboios, como se eu não precisasse de ninguém.
Nunca me senti tão sozinha como agora. As pessoas que me têm ajudado também estão magoadas com este e outros assuntos então não as quero subcarregar. E o resto, tudo me tem falhado, tudo tem vivido na sua vida feliz, como se eu e outros não existíssemos, como se o mundo fosse um mar de rosas, como se eu não me pudesse ir embora amanhã, como se elas não me pudessem perder. Toda a gente tem as suas prioridades e eu não sou a de ninguém, nem eu, nem o meu bem-estar. E era nestas alturas que ele não me falhava de certeza e ainda dizia "andas a escolher as amigas erradas" e provavelmente tinha razão.
Sinto tanto a falta dele. Aveiro nunca mais vai ser a mesma cidade sem ele, apesar de continuar a parecer o sítio mais acolhedor do mundo, tirando tudo o que tenha ver com comboios e a Praça do Peixe.

E agora, só posso honrá-lo quando conseguir voltar a ver/ler HP ao tentar perceber qual seria a parte preferida dele. Fazer de tudo para, um dia, ser a coordenadora do núcleo como ele dizia que eu um dia viria a ser. Se conseguir seguir a área que quero dentro da psicologia, tornar-me uma psicóloga famosa como ele queria e lembrar-me sempre que ele acreditou que eu ia conseguir, acreditou mais que eu, e que também será graças a ele que vai ser mais uma estrelinha que estará lá para me dar força para isto tudo. Fazer parte da Comissão já não fará tanto sentido pois ele já não me poderá praxar, no entanto posso praxar os aluviões como ele me praxou a mim e tentar não começar a chorar à frente deles de saudades.



Prometo que vou tentar amar tanto Aveiro e a faina como tu amavas, durante o tempo que me restar na nossa bela cidade e que nunca, mas mesmo nunca mais vou traçar o gabão, as capas é que se traçam. Vou tentar tomar conta da nossa amiga como tu o farias. E Aveiro será sempre teu, não até morreres, mas mesmo depois de morreres.
Vou sentir, aliás, já estou a sentir imensas saudades tuas. Apesar de todas as vezes em que te chamei chato, eu gosto muito de ti, tu sabias disso.

Até já e um beijinho,

da psi mais princesa de Aveiro,
(e mais gira, apesar de dizeres isso a todas),
da tua eterna Anita.

Sobre o 22 de há 2 meses atrás

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